quinta-feira, 13 de agosto de 2009
O clube de leitura de Jane Austen
Histórias cotidianas embaladas pelos 6 livros de Jane Austen. Um jeito diferente de explorar as fórmulas tão batidas dos romances "água-com-açúcar". As desilusões amorosas unem os personagens, que aproveitam a oportunidade para buscar as soluções de seus problemas.
As inquietações são das mais variadas: fim de um casamento de 20 anos, paixão por um aluno, busca de um sétimo amor, busca de um relacionamento lésbico mais intenso e verdadeiro, paixão por uma mulher mais velha e o medo da entrega em uma relação. E é por meio dos personagens de Austen que eles debatem suas vidas e desenvolvem um forte vínculo afativo.
Entre os maiores méritos do filme destaca-se a capacidade de provocar interesse pela obra dessa grande escritora. Uma vantagem que é atingida sem a obrigação de fazer uma cópia exata daquilo que a autora escreveu. Ainda podemos ir mais longe e afirmar que estamos numa releitura mais moderna daques dramas expressos no século XIX, revelando que reflexões sobre o papel da mulher na sociedade, por exemplo, são trazidas há um bom tempo.
Diretor: Robin Swicord.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Fair Play
O mundo dos negócios retratado em uma metáfora esportiva. A idéia central é que para ganhar vale tudo, até chantagens e violência. O que vale é alcançar os própios objetivos, com ou sem escrúpulos.
Quando um funcionário perde um importante negócio para uma outra empresa é que a rede de intrigas e chantagens do filme começa a se desenrolar. Acompanhamos 104 minutos de tensões e sacanagens em uma trama em que parece não spobrar ninguém honesto. Todos estão sempre mais preocupados com seus interesses particulares, sem agir como uma equipe coesa. Nem num momento de lazer representado pela prética de esportes consegue deixar os personagens menos competitivos.
Um reflexo bem contundente do mundo em que vivemos. Em nenhum momento podemos relaxar ou "baixar a guarda", temos que mostrar a todo tempo que somos os melhores. Nem mesmo as relações de companheirismo e íntimas escapam dessa disputa desenfreada. Sempre nos comparamos com alguém: seja por ser mais bonito, mais bem sucedido... Nunca estaremos tranquilos, nunca teremos feito o suficiente.
domingo, 26 de julho de 2009
Formas de entrar em contato com clássicos...
No meio da programação alienante e entediante da tv aberta, a cultura se destaca com programas que tentam explorar nosso intelecto de maneira diferenciada. Ao invés de histórias insossas sobre jovens perfeitos, temos uma tentativa de fazer o adolescente/pré-adolescente e até adultos se aproximarem de alguns clássicos da literatura.
Trata- se do programa Tudo que é sólido pode derreter. Uma garota chamada Thereza está no ensino médio e estuda obras clássicas da literaura, envolvendo- se nas tramas e traçando um paralelo com sua própria vida. Seus dramas parecem buscar respostas nos livros.
A série foi composta por 13 capítulos e pode ser conferida de segunda a quinta as 18:45, quinta também as 13:00 e de domingo as 20:30. Ou quem preferir pode conferir os episódios no próprio site.
Naturalmente, ao longo da história, essa não foi a única tentativa de tentar familiarizar as pessoas com obras consideradas difíceis. A própria GLOBO tentou algumas vezes, inclusive ano passado com a controversa Capitu, ou até mesmo ano retrasado com O primo basílio em filme.
Enfim, essas iniciativas são muito importantes porque os clássicos têm esse nome por algum motivo.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Liga Geral.com
A vida dos personagens é recheada de tecnologia e companheirismo, criando a tão famosa ilusão de que o mundo é perfeito e que todos jovens vivem assim e que a vida é fácil... Enfim, nada muito diferente do que acontece com novelas normalmente. O que surpreende é que as novas gerações acreditam nesse mundo maravilhoso cada vez mais cedo devido as atrações voltadas exclusivamente para elas.
Além disso, não podemos deixar de comentar sobre o consumismo que vem sendo cada vez mais empurrado nas pessoas. Os jovens querem celulares sofisticados muitas vezes até mais que um adulto!
Tudo bem que não temos que nos deparar com programas que explorem as desmazelas e neuroses do ser humano a todo momento. Mas será que não dava pelo menos pra tentar inovar no formato? Criar algo diferente e que seja REALMENTE interessante?
Pelo menos esse programa foi curto!
domingo, 19 de julho de 2009
O segredo do grão
Sonhos. Pobreza. Burocracia. Intrigas. Um filme que se passa na França e conta a história de um homem de 60 anos que decidiu se divorciar da esposa e iniciar uma nova vida. Sua nova namorada é uma mulher árabe que tem unma pensão simples e uma filha.
Ele trabalha na manutenção ds barcos do porto, mas por sua idade e improdutividade é despedido. Sua vida perde o sentido e ele tem que aguentar as agressões da ex-mulher, a cobrança dos filhos e impotência diante do sistema capitalista injusto.
Eis que ele ve uma oportunidade. Resolve pegar um dos barcos abandonados e velhos para montar um restaurante. Para realização desse sonho conta com a ajuda dos filhos, da filha da nova namorada e da ex-mulher. Contudo ele logo vê que investir nesse empreendimento não será nada fácil, a começar por toda burocracia envolvida. Suas esperanças se transformam em uma corrida frustrante e desesperada para conseguir um empréstimo e os documentos.
Além de abordar a miséria o filme também trata de preconceitos, uma vez que a nova família do personagem principal (Slimane Beiji) é árabe. Ainda podemos discutir sobre hipocrisia e ciúme, representadas não só pela rivalidade entre famílias quanto pela complacência às cafagestagens de um dos filhos.
Diretor: Abdel Kechiche
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Estômago
O diretor Marcos Jorge se baseou num conto de Lusa Silvestre chamado “Presos pelo estômago” para criar o filme. Vemos a vida de Raimundo Nonato, um cozinheiro que ganha força a cada desilusão da vida. Apesar do chavão clássico de sua trajetória de nordestino ingênuo para cosmopolita ambicioso, a obra ganha muita importância por trabalhar as relações de poder de maneira inovadora e original.
Segundo as palavras expressas na própria resenha oficial “a comida é vista como meio de adquirir poder. E pode ser definido como ‘uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária’. Raimundo se vê tentado pelas oportunidades apresentadas a ele na grande cidade: desde um amor complicado por uma prostituta até o próprio álcool.
Devido a suas habilidades na cozinha ele deixa de ser um simples empregado de um bar sujo para se tornar um grande cozinheiro num restaurante italiano “do tipo família”. E é nessa mudança radical que ele entende exatamente como o capitalismo realmente funciona.
Para sobreviver ele se deixa corromper pelos prazeres e ilusões da cidade grande a ponto de ir parar na cadeia. O grande mistério do filme inclusive é o motivo que o levou pra lá. A história é construída de maneira não linear em que se misturam a vida dentro e fora da prisão.
A questão central a ser debatida é se ele sempre foi “bom” ou se seu lado vingativo era inerente a ele desde o princípio. Essa questão é antiga e está presente em obras de autores clássicos como, por exemplo, Hobbes e Rousseau.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Foi apenas um sonho
Baseado num livro da década de 1960, o filme retrata uma geração desiludida pelas promessas da modernidade. O casal principal (Frank e April) acreditava que seria possível alcançar a felicidade plena, tanto no campo amoroso quanto no mercado de trabalho. Desde o início do namoro buscavam a concretização dos seus sonhos mais íntimos.
Entretanto, cada novo dia se tornava uma decepção para ambos. O emprego dele era entediante e mecânico, os filhos haviam se tornado um desgosto e ela não possuía nenhuma grande realização em sua vida. Duas mentes desperdiçadas e vazias.
O livro é muito mais angustiante porque nos mostra melhor a perda do prazer de viver. Contudo, o filme é absurdamente perturbador e contundente. É impossível não refletir sobre nossa própria existência e nossas escolhas ao entrar em contato com essas duas obras.
Tema semelhante é visto no filme Beleza Americana. Ambos são do mesmo diretor (Sam Mendes) e a única diferença entre eles é a época retratada. Podemos incluí-los num período chamado por alguns de Pós-Modernidade, em que antigos valores são postos em xeque. Entre os principais questionamentos encontramos o sistema capitalista e sua clássica idéia de que basta querer e se esforçar para atingir nossos objetivos. Embora a própria história já tenha provado que isso não costuma acontecer, muitos ainda preferem acreditar nessas idéias para agüentar os sofrimentos e as desilusões que se apresentam no dia-a-dia.
Para entendermos exatamente o sentimento de impotência diante do capitalismo refletido muito bem pelo saber popular anônimo “Administre muito bem seu tempo porque senão outra pessoa o administrará” temos que entrar em contato com essas obras. É impossível viver uma vida inteira e não tomar conhecimento das críticas apresentadas nelas.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Semana de Jornalismo PUCSP- 26/05/2009- Noite
Mesa: Francisco Ornelas
A profissão de jornalista é regulamentada desde 1969, ou seja, desde essa data é necessário ter um diploma para exercer essa função. Isso só foi possível depois de muita luta. Antes disso qualquer um que quisesse ser jornalista poderia.
Hoje, 40 anos depois, essa obrigatoriedade pode não existir. Por quê? Quem ganha com isso? Certamente não os estudantes de jornalismo. Possivelmente todas as outras pessoas que estão na área de humanas, menos os estudantes de jornalismo.
Os argumentos favoráveis a essa desregulamentação são os mais fracos possíveis. O primeiro deles é que nos países desenvolvidos, exemplos de democracia, não existe essa lei do diploma. Em países como o EUA, Inglaterra e França qualquer um pode se aventurar a ser um jornalista. Bom, desde quando nós somos países de primeiro mundo? Nossa taxa de desemprego é muito mais alta e o mercado já está inflado o suficiente com o diploma obrigatório.
O segundo argumento, fornecido por Francisco Ornelas, não é mais forte. Ele argumenta que é o governo que precisa oferecer um carimbo para permitir a criação de cursos e outro para permitir a atuação na área. E isso seria antidemocrático. Bom, não é assim com advogados, médicos, professores e todas as outras profissões?
O terceiro argumento, também fornecido pelo palestrante, é que existe um órgão internacional que avalia os cursos de jornalismo e as melhores faculdades do Brasil estão aquém das piores faculdades do mundo, quer dizer, não estamos entre as 100 melhores do mundo. Aparentemente a não obrigatoriedade do diploma faria com que os cursos muito ruins que temos sejam extintos, porque só sobreviverão aqueles que forem realmente bons. A pergunta é, se o governo não deu atenção a eles até agora, o que mudaria? Possivelmente muitos não veriam a menor utilidade em cursar Jornalismo.
E afinal, se existe um curso superior é porque precisa não? É porque o curso possibilita a especialização, um estudo sobre a ética e o mundo e técnicas de escrita. Para que agravar a competição na área de comunicação? E onde está o sindicato dos jornalistas protegendo a profissão?
Semana de Jornalismo PUCSP- 25/05/2009- Noite
A cobertura da crise econômica e os compromissos do jornalismo.
Mesa: Luis Nassif (jornalista e blogueiro)
Paulo Totti (repórter especial do Valor)
Antonio de Correia de Lacerda (economista da FEA-PUC)
A crise econômica que estourou no final do ano passado pode representar o fim de um ciclo de total desregulamentação dos mercados. Segundo o jornalista Luis Nassif, a preocupação com as políticas sociais, com a sustentabilidade, a solidariedade e a cooperação caracterizam essa nova Era. (Um pouco familiar não?)
Essa opinião não é unânime. Existem pessoas que acreditam que a melhor maneira de lidar com a crise é congelar salários, manter a taxa de juros alta e cortar gastos públicos. Como podemos observar nada de novo. Isso porque, como diz Paulo Totti, a Economia está sendo ensinada como se fosse Química, ou seja, como se possuísse fórmulas certas que devam ser aplicadas devido a acontecimentos pré-estabelecidos.
A mídia é responsável pelo pânico que a população vem sentindo e pela crise em si. Na tentativa de atrair audiência, os veículos de comunicação abusam de sensacionalismos que assustam os consumidores e pequenos empresários. Dessa forma, a economia simplesmente estagna. Mas enquanto o neoliberalismo era endeusado, a imprensa tratava de defendê-lo muito bem. Paulo Totti considera esse movimento oportunista da mídia um “desleixo com os interesses do leitor”, que é complementado por Nassif como uma falta de qualidade que não tem nada a ver com as ideologias dela mesma.
O maior problema da mídia é que ela está dominada por interesses particulares, publicando matérias parciais e superficiais, criando a ilusão de que todos pensam daquela forma. Antonio Correa de Lacerda exemplifica isso em relação aos economistas. Afirma que a imprensa só publica a opinião de analistas diretamente ligados ao mercado financeiro, como se só existisse essa visão a respeito da crise.
Para os três a internet permite uma democratização na comunicação, uma vez que basta ter acesso a ela para poder se expressar livremente. O maior exemplo disso são os blogs, que estão cada vez mais críticos e mais investigativos. Não é raro ouvir histórias de pessoas que dão furos usando essa ferramenta, basta lembrar que a farsa no caso Dilma e sua ficha no DOPS foi revelada num blog primeiro.
Dessa forma, quanto mais a grande mídia manipula e inventa notícias, mais a internet pode desmascarar. Essa guerra que tende a piorar cada vez mais vai levar a uma mudança na forma que os grandes veículos de comunicação divulgam suas notícias. Ou pelo menos deveria.
Talvez isso tudo seja uma grande utopia. Mas afinal, não são as utopias o grande impulso transformador do homem?
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Milk- A voz da Igualdade
Como um homem que parece estar interessado apenas em transar e usar drogasm vira um ativista político e um Supervisor de São Francisco? A resposta para isso é o preconceito. Harvey Milk queria poder andar pelos lugares sem ter que esconder sua homossexualidade. De repente ele queria que todos pudessem se assumir publicamente, sem medo de ser feliz.
Em 1970 em São Francisco inicia- se uma luta pela liberdade. Uma luta contra o preconceito. Uma luta para acabar com o conservadorismo católico. Uma luta para acabar com a visão de que todos deveriam ter sua família perfeita (pai, mãe e dois filhos).
Milk se apaixonou pela política e ainda tinha que conviver com o fato de que seus parceiros não suportavam isso. Alguns chegaram mesmo a se matar. Mesmo assim ele não desistiu de sua luta em prol dos direitos humanos.
Mas infelizmente existem pessoas que não suportam ver outras se dando bem. Pessoas que não conseguem atingir sua própria felicidade e atrapalham a vida dos outros. Milk foi morto assim que conseguiu o maior ganho de sua vida: justiça para os gays.
Sean Penn está muito parecido com Harvey Milk e sua atuação está maravilhosa. Que bom que Gus Van Sant resolveu nos mostrar essa história.
Apesar de tanta luta pela liberdade comportamental, ainda tem muita gente com preconceito a ponto de agredir aqueles que são diferentes. Por que será que o ser humano é tão mesquinho?