O diretor Marcos Jorge se baseou num conto de Lusa Silvestre chamado “Presos pelo estômago” para criar o filme. Vemos a vida de Raimundo Nonato, um cozinheiro que ganha força a cada desilusão da vida. Apesar do chavão clássico de sua trajetória de nordestino ingênuo para cosmopolita ambicioso, a obra ganha muita importância por trabalhar as relações de poder de maneira inovadora e original.
Segundo as palavras expressas na própria resenha oficial “a comida é vista como meio de adquirir poder. E pode ser definido como ‘uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária’. Raimundo se vê tentado pelas oportunidades apresentadas a ele na grande cidade: desde um amor complicado por uma prostituta até o próprio álcool.
Devido a suas habilidades na cozinha ele deixa de ser um simples empregado de um bar sujo para se tornar um grande cozinheiro num restaurante italiano “do tipo família”. E é nessa mudança radical que ele entende exatamente como o capitalismo realmente funciona.
Para sobreviver ele se deixa corromper pelos prazeres e ilusões da cidade grande a ponto de ir parar na cadeia. O grande mistério do filme inclusive é o motivo que o levou pra lá. A história é construída de maneira não linear em que se misturam a vida dentro e fora da prisão.
A questão central a ser debatida é se ele sempre foi “bom” ou se seu lado vingativo era inerente a ele desde o princípio. Essa questão é antiga e está presente em obras de autores clássicos como, por exemplo, Hobbes e Rousseau.
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