terça-feira, 14 de julho de 2009
Foi apenas um sonho
Baseado num livro da década de 1960, o filme retrata uma geração desiludida pelas promessas da modernidade. O casal principal (Frank e April) acreditava que seria possível alcançar a felicidade plena, tanto no campo amoroso quanto no mercado de trabalho. Desde o início do namoro buscavam a concretização dos seus sonhos mais íntimos.
Entretanto, cada novo dia se tornava uma decepção para ambos. O emprego dele era entediante e mecânico, os filhos haviam se tornado um desgosto e ela não possuía nenhuma grande realização em sua vida. Duas mentes desperdiçadas e vazias.
O livro é muito mais angustiante porque nos mostra melhor a perda do prazer de viver. Contudo, o filme é absurdamente perturbador e contundente. É impossível não refletir sobre nossa própria existência e nossas escolhas ao entrar em contato com essas duas obras.
Tema semelhante é visto no filme Beleza Americana. Ambos são do mesmo diretor (Sam Mendes) e a única diferença entre eles é a época retratada. Podemos incluí-los num período chamado por alguns de Pós-Modernidade, em que antigos valores são postos em xeque. Entre os principais questionamentos encontramos o sistema capitalista e sua clássica idéia de que basta querer e se esforçar para atingir nossos objetivos. Embora a própria história já tenha provado que isso não costuma acontecer, muitos ainda preferem acreditar nessas idéias para agüentar os sofrimentos e as desilusões que se apresentam no dia-a-dia.
Para entendermos exatamente o sentimento de impotência diante do capitalismo refletido muito bem pelo saber popular anônimo “Administre muito bem seu tempo porque senão outra pessoa o administrará” temos que entrar em contato com essas obras. É impossível viver uma vida inteira e não tomar conhecimento das críticas apresentadas nelas.
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