A cobertura da crise econômica e os compromissos do jornalismo.
Mesa: Luis Nassif (jornalista e blogueiro)
Paulo Totti (repórter especial do Valor)
Antonio de Correia de Lacerda (economista da FEA-PUC)
A crise econômica que estourou no final do ano passado pode representar o fim de um ciclo de total desregulamentação dos mercados. Segundo o jornalista Luis Nassif, a preocupação com as políticas sociais, com a sustentabilidade, a solidariedade e a cooperação caracterizam essa nova Era. (Um pouco familiar não?)
Essa opinião não é unânime. Existem pessoas que acreditam que a melhor maneira de lidar com a crise é congelar salários, manter a taxa de juros alta e cortar gastos públicos. Como podemos observar nada de novo. Isso porque, como diz Paulo Totti, a Economia está sendo ensinada como se fosse Química, ou seja, como se possuísse fórmulas certas que devam ser aplicadas devido a acontecimentos pré-estabelecidos.
A mídia é responsável pelo pânico que a população vem sentindo e pela crise em si. Na tentativa de atrair audiência, os veículos de comunicação abusam de sensacionalismos que assustam os consumidores e pequenos empresários. Dessa forma, a economia simplesmente estagna. Mas enquanto o neoliberalismo era endeusado, a imprensa tratava de defendê-lo muito bem. Paulo Totti considera esse movimento oportunista da mídia um “desleixo com os interesses do leitor”, que é complementado por Nassif como uma falta de qualidade que não tem nada a ver com as ideologias dela mesma.
O maior problema da mídia é que ela está dominada por interesses particulares, publicando matérias parciais e superficiais, criando a ilusão de que todos pensam daquela forma. Antonio Correa de Lacerda exemplifica isso em relação aos economistas. Afirma que a imprensa só publica a opinião de analistas diretamente ligados ao mercado financeiro, como se só existisse essa visão a respeito da crise.
Para os três a internet permite uma democratização na comunicação, uma vez que basta ter acesso a ela para poder se expressar livremente. O maior exemplo disso são os blogs, que estão cada vez mais críticos e mais investigativos. Não é raro ouvir histórias de pessoas que dão furos usando essa ferramenta, basta lembrar que a farsa no caso Dilma e sua ficha no DOPS foi revelada num blog primeiro.
Dessa forma, quanto mais a grande mídia manipula e inventa notícias, mais a internet pode desmascarar. Essa guerra que tende a piorar cada vez mais vai levar a uma mudança na forma que os grandes veículos de comunicação divulgam suas notícias. Ou pelo menos deveria.
Talvez isso tudo seja uma grande utopia. Mas afinal, não são as utopias o grande impulso transformador do homem?
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