quarta-feira, 27 de maio de 2009

Semana de Jornalismo PUCSP- 26/05/2009- Noite

A desregulamentação da profissão e a precarização do trabalho

Mesa: Francisco Ornelas

A profissão de jornalista é regulamentada desde 1969, ou seja, desde essa data é necessário ter um diploma para exercer essa função. Isso só foi possível depois de muita luta. Antes disso qualquer um que quisesse ser jornalista poderia.
Hoje, 40 anos depois, essa obrigatoriedade pode não existir. Por quê? Quem ganha com isso? Certamente não os estudantes de jornalismo. Possivelmente todas as outras pessoas que estão na área de humanas, menos os estudantes de jornalismo.
Os argumentos favoráveis a essa desregulamentação são os mais fracos possíveis. O primeiro deles é que nos países desenvolvidos, exemplos de democracia, não existe essa lei do diploma. Em países como o EUA, Inglaterra e França qualquer um pode se aventurar a ser um jornalista. Bom, desde quando nós somos países de primeiro mundo? Nossa taxa de desemprego é muito mais alta e o mercado já está inflado o suficiente com o diploma obrigatório.
O segundo argumento, fornecido por Francisco Ornelas, não é mais forte. Ele argumenta que é o governo que precisa oferecer um carimbo para permitir a criação de cursos e outro para permitir a atuação na área. E isso seria antidemocrático. Bom, não é assim com advogados, médicos, professores e todas as outras profissões?
O terceiro argumento, também fornecido pelo palestrante, é que existe um órgão internacional que avalia os cursos de jornalismo e as melhores faculdades do Brasil estão aquém das piores faculdades do mundo, quer dizer, não estamos entre as 100 melhores do mundo. Aparentemente a não obrigatoriedade do diploma faria com que os cursos muito ruins que temos sejam extintos, porque só sobreviverão aqueles que forem realmente bons. A pergunta é, se o governo não deu atenção a eles até agora, o que mudaria? Possivelmente muitos não veriam a menor utilidade em cursar Jornalismo.
E afinal, se existe um curso superior é porque precisa não? É porque o curso possibilita a especialização, um estudo sobre a ética e o mundo e técnicas de escrita. Para que agravar a competição na área de comunicação? E onde está o sindicato dos jornalistas protegendo a profissão?

Semana de Jornalismo PUCSP- 25/05/2009- Noite



A cobertura da crise econômica e os compromissos do jornalismo.
Mesa: Luis Nassif (jornalista e blogueiro)
Paulo Totti (repórter especial do Valor)
Antonio de Correia de Lacerda (economista da FEA-PUC)

A crise econômica que estourou no final do ano passado pode representar o fim de um ciclo de total desregulamentação dos mercados. Segundo o jornalista Luis Nassif, a preocupação com as políticas sociais, com a sustentabilidade, a solidariedade e a cooperação caracterizam essa nova Era. (Um pouco familiar não?)
Essa opinião não é unânime. Existem pessoas que acreditam que a melhor maneira de lidar com a crise é congelar salários, manter a taxa de juros alta e cortar gastos públicos. Como podemos observar nada de novo. Isso porque, como diz Paulo Totti, a Economia está sendo ensinada como se fosse Química, ou seja, como se possuísse fórmulas certas que devam ser aplicadas devido a acontecimentos pré-estabelecidos.
A mídia é responsável pelo pânico que a população vem sentindo e pela crise em si. Na tentativa de atrair audiência, os veículos de comunicação abusam de sensacionalismos que assustam os consumidores e pequenos empresários. Dessa forma, a economia simplesmente estagna. Mas enquanto o neoliberalismo era endeusado, a imprensa tratava de defendê-lo muito bem. Paulo Totti considera esse movimento oportunista da mídia um “desleixo com os interesses do leitor”, que é complementado por Nassif como uma falta de qualidade que não tem nada a ver com as ideologias dela mesma.
O maior problema da mídia é que ela está dominada por interesses particulares, publicando matérias parciais e superficiais, criando a ilusão de que todos pensam daquela forma. Antonio Correa de Lacerda exemplifica isso em relação aos economistas. Afirma que a imprensa só publica a opinião de analistas diretamente ligados ao mercado financeiro, como se só existisse essa visão a respeito da crise.
Para os três a internet permite uma democratização na comunicação, uma vez que basta ter acesso a ela para poder se expressar livremente. O maior exemplo disso são os blogs, que estão cada vez mais críticos e mais investigativos. Não é raro ouvir histórias de pessoas que dão furos usando essa ferramenta, basta lembrar que a farsa no caso Dilma e sua ficha no DOPS foi revelada num blog primeiro.
Dessa forma, quanto mais a grande mídia manipula e inventa notícias, mais a internet pode desmascarar. Essa guerra que tende a piorar cada vez mais vai levar a uma mudança na forma que os grandes veículos de comunicação divulgam suas notícias. Ou pelo menos deveria.
Talvez isso tudo seja uma grande utopia. Mas afinal, não são as utopias o grande impulso transformador do homem?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Milk- A voz da Igualdade


Como um homem que parece estar interessado apenas em transar e usar drogasm vira um ativista político e um Supervisor de São Francisco? A resposta para isso é o preconceito. Harvey Milk queria poder andar pelos lugares sem ter que esconder sua homossexualidade. De repente ele queria que todos pudessem se assumir publicamente, sem medo de ser feliz.

Em 1970 em São Francisco inicia- se uma luta pela liberdade. Uma luta contra o preconceito. Uma luta para acabar com o conservadorismo católico. Uma luta para acabar com a visão de que todos deveriam ter sua família perfeita (pai, mãe e dois filhos).

Milk se apaixonou pela política e ainda tinha que conviver com o fato de que seus parceiros não suportavam isso. Alguns chegaram mesmo a se matar. Mesmo assim ele não desistiu de sua luta em prol dos direitos humanos.

Mas infelizmente existem pessoas que não suportam ver outras se dando bem. Pessoas que não conseguem atingir sua própria felicidade e atrapalham a vida dos outros. Milk foi morto assim que conseguiu o maior ganho de sua vida: justiça para os gays.

Sean Penn está muito parecido com Harvey Milk e sua atuação está maravilhosa. Que bom que Gus Van Sant resolveu nos mostrar essa história.


Apesar de tanta luta pela liberdade comportamental, ainda tem muita gente com preconceito a ponto de agredir aqueles que são diferentes. Por que será que o ser humano é tão mesquinho?

terça-feira, 12 de maio de 2009

Simonal- Ninguém sabe o duro que dei



Wilsom Simonal não é da minha época. Ele foi um famoso cantor da década de 1960 e 1970. Na época da ditadura ele fez o Maracanazinho lotado cantar junto com ele. Negro, arrogante, rico. Criou um estilo de música que não foi pra frente, chamado de pilantragem. Era para concorrer com a música internacional que dominava o cenário da época. Seu sucesso atingiu o mundo!
Mas, ele cometeu um erro que acabou com a sua vida. Dizem que seu contador o roubava e que quando Simonal descobriu ficou com raiva e chamou o DOPS para torturá- lo. O contador diz que Simonal inventou essa história.

O problema: Se Simonal foi ingênuo, ficou com medo e cometeu o maior erro de sua vida, disse em seu depoimento que trabalhava para o DOPS. Assumiu que era um informante.
A esquerda, que já não gostava dele por conta de seu descompromisso com a política, teve o maior prazer em vê-lo no fundo do poço.
A direita, que deveria protegê-lo já que ele divertia a população e disse estar a serviço deles, nada fez para que ele voltasse ao auge.
A mídia detonou Simonal. Ele ficou pobre de novo. Ninguém intercedeu em seu favor.
Seus muitos fãs perguntavam por ele, mas as casas de show e a mídia não estavam mais interessados em exibir seus shows.



Uns anos depois aparece um documento oficial dizendo que ele não teve participação na polícia política da ditadura, mas ele ficou pra sempre marcado como dedo-duro.



Afinal, ele é culpado ou inocente?



Esse documentário mostra depoimentos das pessoas próximas e conhecidos. O interessante, além de discussões envolvendo a cobertura da imprensa, é que nem todos os depoimentos colocam o artista como um Deus.

Os diretores Cláudio Manuel, Micael Langer e Calvito Leal fizeram um excelente trabalho!

sábado, 9 de maio de 2009

O Corte


Dirigido pelo francês Costa-Gavras, o filme retrata as insanidades que o capitalismo provocou em algumas pessoas. Após 15 anos de serviços prestados há uma empresa de papel, o funcionário Bruno D. foi demitido por um corte de custos.
Ele e sua família, composta por 2 filhos e uma esposa, mantinham um padrão bom de vida, com uma enorme casa. Isso somado a dedicação e o gosto com que Bruno trabalhava fez com que ele se sentisse desesperado e partisse pra uma ação mais ofensiva contra a concorrência no mundo do trabalho.

O ser humano está se tornando cada vez mais competitivo e isso pode estar criando uma dificuldade nas relações humanas. O interessante é que pensadores como Hobbes defenderam a presença do Estado para garantir uma boa convivência entre os homens. Bom, o Estado está presente e essa competição levada a extremos parece instaurar uma guerra de todos contra todos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

NOVE RAINHAS


Filme argentino maravilhoso e surpreendente. Cona a história de 2 trapaceiros que se encontram por acaso e resolvem se unir num negócio que renderia 450 milhões de dólares. Trata- se da venda de selos raros a falsos chamados de Nove Rainhas.

Um deles, Marcos, se acha o experiente. É trapaceiro por gosto e não se arrepende do que faz. Sempre se dá bem em seus negócios e costuma ficar com todo dinheiro, deixando seus parceiros sem nada. Ele se considera muito esperto.

O outro, Juan, é mais jovem e aparentemente mais inexperiente. Diz que não gosta dessa vida e que só faz isso para ajudar o pai, já que em todo trabalho honesto que se aventurou foi um total fracasso.

Quando eles fecham negócio ocorrem vários imprevistos. Desde a perda dos selos falsos que os força a comprar os verdadeiros de uma mulher até a irmã do Marcos tentar impedir o negócio.

O final é surpreendente! São golpes atrás de golpes e até nós mesmos fomos enganados. Vale muito a pena.

O diretor Fabian Bielinsky fez o que eu considero um dos melhores filmes de trapaça de todos os tempos.

Virada Cultural

Cine-Gastronômico no HXBC Belas Artes.
Madrugada: das 23 as 6:40.
3 filmes com direito a degustação.
Amor a flor da pele, Ratatouille e Volver.
Degustação: macarrão no 1º intervalo, bolos e trufa no 2º intervalo e café da manhã depois do último filme.
+ bebidas a vontade (sucos Del Valle, Coca-cola, Kaiser Gold, Água Cristal...)


AMOR A FLOR DA PELE
Filme chinês que retrata basicamente uma troca de casais. Num tipo de pensão vivem 2 casais que acabam traindo- se mutuamente. O problema é que o casal principal de apaixona de verdad, mas não consegue ficar junto porque a mulher não está disposta a largar o marido. No fim o amante acaba indo pro Canboja e por lá fica.

O filme tem um ritmo bem lento e muitos realmente não o apreciaram. Possivelmente isso está relacionado com o nosso vício pelo cinema rápido norte- americano.
A verdade é que o filme é muito confuso, principalmente com a sensação de que os atores e atrizes são os mesmos.

Mesmo assim é interessante descobir o cinema que não atinge a grande massa. Algo além dos EUA/Europa.


RATATOUILLE
Muitos já viram essa animação. Eu mesma estava assistindo pela 2ª vez. Ela conta a história de um ratinho que era muito bom cozinheiro, basicamente. É muito bem feita e interessante até pelo seu antagonismo: um rato (animal nojento) que utiliza uma cozinha (lugar que deve ser limpo e não ter ratos).
Definitivamente o filme deixa com água na boca. E afinal, será que qualquer um pode cozinhar mesmo?


VOLVER
Almodover e sua sensibilidade e apelação. É incrível perceber que ver mais de uma vez o mesmo filme pode mudar a impressão que tivemos dele. Na primeira vez que vi não gostei, já na segunda...

Conta a história de uma família de mulheres que estãotentando superaa a morte da mãe ao mesmo tempo que devem lidar com o sumiço da mãe da amiga-vizinha. Uma delas é solteira e nunca deu certo no amor. A outra é casada com um homem folgado, cafajeste e tarado e eles tem uma filha. Uma noite o marido tenta estuprar a menina de 14 anos e ela o mata. A mãe, representada pela Penélope Cruz esconde o corpo e elas tem que lidar com isso também.

Enquanto isso sua irmã está tentandoabstrair o fato de sua mãe aparentemente tr algo mal-resolvido na Terra e ter voltado como espírito.

É legal observar como a Penélope Cruz representa uma mulher batalhadora e corajosa.
Mas a melhor parte defnitivamente são os mistérios que cercam esse aparente retorno espiritual da mãe.